A iniciativa visa a geração de renda e sustentabilidade no cerrado, através da extração do Baru
Data: 18/10/2024
Por Geíne Medrado
Na comunidade quilombola Laginha, em Porto Alegre do Tocantins, o extrativismo do baru, um fruto típico do Cerrado, ganhou um novo impulso. No último sábado (12) foi realizada oficina com entrega de equipamentos que facilitam a extração do fruto, reduz o desperdício e potencializa a produção, gerando mais renda para as famílias da comunidade. A ação faz parte de um projeto da Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins (COEQTO) em parceria com a Alternativa para a Pequena Agricultura no Tocantins (APA-TO) e apoio do Instituto Clima e Sociedade (ICS).
A oficina realizada na comunidade contou com a participação de jovens, mulheres e interessados em aprender sobre o manejo sustentável do baru. Houve troca de saberes sobre a preservação do cerrado e aplicação de tecnologia para potencializar a comercialização do Baru, fruto com rica diversidade na comunidade e que já é utilizado como fonte de renda pelas famílias.
Laelson Ribeiro de Sousa, coordenador de Produção e Comercialização da COEQTO, explica que o projeto tem o objetivo de fortalecer o extrativismo local e garantir a preservação do Cerrado. “Trouxemos máquinas que vão facilitar a extração do baru. Isso é muito importante para preservarmos o Cerrado, além de fomentar a renda da comunidade e aumentar a soberania alimentar”, destacou.
Laelson ressaltou ainda que o projeto não se limita à extração do fruto, mas engloba também o plantio e a comercialização do baru. “Estamos trabalhando para que ele seja replantado e não desmatado. Queremos que o baru se torne um dos principais produtos do Cerrado”, completou.
Ambrósio, morador da comunidade, relembra os desafios enfrentados antes da chegada dos novos equipamentos: “A gente quebrava o baru com pedra e, às vezes, tinha bastante desperdício. Não conhecíamos essas máquinas, então ficamos muito gratos por esse incentivo.”
Impacto Social e Econômico
A jovem Taiane Avelino, uma das participantes da oficina, destacou a importância do aprendizado para a comunidade: “Na oficina, aprendemos a extração e preservação do baru e isso vai facilitar muito para nós. Trouxemos os jovens e as mulheres, e foi uma oportunidade de aprendermos juntos.”
Para Maria Amélia Ferreira, os frutos do cerrado são essenciais para a subsistência da comunidade. “Temos o caju, o ingá, a manga, o buriti e outros frutos. Fazemos polpa e aproveitamos ao máximo o que o Cerrado nos oferece. Para mim, é maravilhoso ver nossa comunidade tendo essa oportunidade.”
Francisca Cardoso Nogueira também celebrou a chegada dos novos equipamentos, destacando o impacto econômico e alimentar do baru. “A gente usa o baru em paçocas, rapaduras, doces e bolos. Com essas máquinas, acredito que vamos melhorar bastante, tanto na preservação quanto na rentabilidade”, disse.
O Futuro do Baru no Cerrado
Com a introdução dessas novas tecnologias e o fortalecimento das práticas sustentáveis, a comunidade de Laginha espera ver o baru se consolidar como um produto-chave para a economia local. Além de contribuir para a preservação do Cerrado, a iniciativa promove a autonomia e a qualidade de vida da comunidade, mostrando que é possível aliar desenvolvimento econômico à conservação ambiental.