Do Tocantins a Brasília: representantes quilombolas marcam presença na Marcha de Mulheres Negras 2025

Por Geíne Medrado e Jéssica Albuquerque

Com forte representatividade feminina, o Tocantins marcou presença na Marcha Nacional das Mulheres Negras, realizada dia 25, em Brasília-DF. Com uma delegação composta por mulheres de diversas regiões do Estado, as vozes dos quilombos tocantinenses ecoaram em meio a uma mobilização histórica que reuniu cerca de 300 mil mulheres em defesa do direito à vida, da terra e da dignidade.

A II Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver levou à capital federal milhares de mulheres de todas as regiões do país para reivindicar direitos, denunciar desigualdades e celebrar a força coletiva da ancestralidade negra.

Entre as participantes estavam as quilombolas, organizadas pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), que deram centralidade a uma pauta urgente e estruturante: a reparação histórica, a garantia da vida plena e a equidade racial.

Dez anos após a primeira Marcha das Mulheres Negras, as mulheres tocantinenses voltaram a marchar, carregando o legado das mais velhas, reforçaram a luta pela titulação dos territórios e reivindicaram o direito ao bem viver. 

Nos trios elétricos, as falas imponentes expressavam indignação diante das desigualdades e dos retrocessos que as mulheres negras ainda enfrentam diariamente. Maryellen Crisóstomo, coordenadora da COEQTO, foi uma das lideranças que subiu ao trio elétrico para ecoar as reivindicações do movimento quilombola. 

No chão, a caminhada firme reafirmava o compromisso de cada uma consigo mesma, com seus territórios, com seu povo e com a luta por reparação e justiça.

Dos quilombos do Tocantins à capital do país, cada mulher carregou sua luta e sua história — mas, acima de tudo, a certeza de que, quando uma mulher tomba, o quilombo inteiro se levanta com ela.

Durante o ato, as mulheres quilombolas carregaram bandeiras que homenageavam o movimento, que completa 30 anos em 2026. A liderança Fátima Barros, do Quilombo Ilha de São Vicente (Araguatins–TO), foi uma das homenageadas no bandeirão “A ancestralidade nunca morre”, ao lado das saudosas Sebastiana Geralda Ribeiro da Silva (Mãe Tiana), Maria das Graças Epifânio, Rosa Dealdina, Dona Anacleta, Dona Djé, Tia Uia e Mara. Outros bandeirões traziam mensagens como o Coletivo de Mulheres da CONAQ, “Somos começo, meio e começo” (frase do saudoso Antônio Nego Bispo), “Justiça por Mãe Bernadete”, “Titulação já”, “Via Campesina” e “Coalizão Internacional de Povos Afrodescendentes da América Latina e Caribe – CITAFRO”.

Cida Sousa, coordenadora do Coletivo de Mulheres da CONAQ e Coordenadora Executiva da COEQTO, destacou a grandeza do evento e a mobilização quilombola em âmbito nacional. Ela relembrou o processo de preparação da Marcha, iniciado há 11 meses pelo Coletivo de Mulheres da CONAQ, envolvendo representantes de mais de 30 estados e mulheres quilombolas de países da América Latina e da diáspora afrodescendente.

Segundo as avaliações gerais, a Marcha de 2025 superou a organização da edição de 2015, sendo considerada “linda” e “transformadora”. Nesta edição, o protagonismo das mulheres foi garantido e reafirmado. As delegações da CONAQ reforçaram que não há justiça sem reconhecimento territorial, direitos assegurados e políticas estruturantes que garantam o bem viver para as futuras gerações.

Agradecimentos

A Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins (COEQTO) agradece a cada mulher presente na Marcha das Mulheres Negras. Nosso agradecimento especial também às prefeituras dos municípios que apoiaram o deslocamento das mulheres até a comitiva rumo a Brasília.

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