As condições da água tem causado problemas de saúde na comunidade; sem água potável, alguns moradores são obrigados a comprar água mineral
Por Geíne Medrado
A Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins (COEQTO) encaminhou, nesta sexta-feira (28), ofício à Agência Tocantinense de Saneamento (ATS) pedindo esclarecimento sobre as condições de salubridade da água fornecida ao Quilombo Barra da Aroeira, após reativação de um poço artesiano que havia sido interditado, em razão da água ser imprópria para o consumo humano.
Na quinta-feira (27), a comunidade Quilombola Barra da Aroeira foi surpreendida com a reativação de um antigo poço artesiano pela ATS, sem informações atualizadas a respeito da qualidade da água. O fato tem causado preocupação nos moradores, já que o mesmo poço havia sido interditado pela prefeitura do Município de Santa Tereza do Tocantins -TO como inapropriado para uso, após membros da comunidade serem acometidos por enfermidades pelo consumo da água.
Na época, a Comunidade Quilombola Barra da Aroeira tinha o seu fornecimento de água realizado pelo Município de Santa Tereza do Tocantins/TO, sendo que a água era oriunda do sistema de abastecimento da própria cidade, e principalmente desse poço que havia dentro da comunidade. Em fevereiro de 2022, a ATS assumiu o sistema de abastecimento de água da comunidade e instalou um novo poço, que veio a secar recentemente.
Segundo o Presidente da Comunidade Barra da Aroeira, Domingos Rodrigues da Silva, a água do antigo poço tem causado diarreia em alguns moradores que voltaram a consumir. Ele relata que diante da situação, muitos moradores que não possuem poço particular precisam comprar água mineral para consumir. Ele também informou que os membros da comunidade nunca tiveram acesso aos estudos realizados para atestar a insalubridade da água que abastece a comunidade.
“Esse poço passou vários anos isolado. Perguntei à ATS no momento da reativação se haviam feito algum estudo da água, antes de reativar, e me responderam que sim. Mas na gestão do ex-prefeito, o poço foi isolado, após ele mandar fazer uma análise da qualidade da água e constatarem uma substância cancerígena. A comunidade está com muito medo de consumir a água, pois ela pode causar doenças. O que precisamos é de uma água com qualidade, que possamos tomar sem problemas.” disse Domingos.
Dona Maria de Fátima Rodrigues, 55 anos, nascida e criada na Barra da Aroeira, conta que a comunidade sempre enfrentou dificuldades com a falta de água e que o problema se agravou com o passar dos anos, causando impactos às atividades de subsistência das famílias. Ela relembra que, na infância, a comunidade utilizava água do Córrego Brejo Grande e da Aroeira e que com o passar do tempo foi feito um Balneário no Córrego e construído um aterro sanitário próximo a sua margem, impossibilitando o consumo da água.
“Aqui na comunidade já foi servida água de represa onde animais como gado e cavalo bebem e tomam banho. Estamos próximos da cidade, poderíamos ser pessoas mais assistidas pelo Poder Público, mas ao invés disso somos desconsiderados como seres humanos. Estamos nos sentindo desrespeitados e decepcionados com esse tratamento do Poder Público. Esperamos que brevemente seja divulgado o resultado de uma nova análise para sabermos se essa água é potável”, relatou Maria de Fátima.
Diante da gravidade da situação e da falta de esclarecimento à comunidade, a COEQTO pede em caráter de urgência que a ATS forneça informações sobre a salubridade e disponibilização de todos os estudos realizados a fim de atestar a qualidade da água fornecida ao Quilombo Barra do Aroeira.