Em sua 10ª edição, Quiolimpíadas celebra esporte, cultura e as tradições quilombolas do Tocantins

O evento acontece anualmente no Quilombo Malhadinha, em Brejinho de Nazaré, e recebe diversas comunidades para competições.

Por Letícia Queiroz

Nos dias 29, 30 e 31 de agosto foi realizada a 10ª edição da Quiolimpíadas. O evento acontece anualmente na Comunidade Quilombola Malhadinha, em Brejinho de Nazaré, e recebe atletas de várias comunidades quilombolas da região. Neste ano participaram, além do Quilombo Malhadinha, equipes dos quilombos Barra da Aroeira, Córrego Fundo, Curralinho do Pontal e Rio Preto.

Na abertura ocorreu a entrada da tocha olímpica e as primeiras competições, que animaram as torcidas. Os grupos apresentaram os gritos de guerra e, em seguida, foi realizada a disputa do feixe de lenha. Nesta competição, uma pessoa de cada comunidade tinha que amarrar as lenhas e carregá-las na cabeça por um percurso sem usar as mãos. A noite terminou com a Prova do Pilão. As duplas limparam dois litros de arroz usando pilões. O desafio era deixar os grãos limpos e pouco quebrados.

Prova de Pilão/ Foto: Letícia Queiroz

O evento continuou no sábado (30) com diversas competições.

  • Maratona
  • Corrida de 100 metros
  • Revezamento 4×4
  • Salto em distância
  • Salto em altura
  • Circuito 2.0 power
  • Embaixadinha
  • Estilingue (baladeira) ao alvo
  • Vôlei
  • Futebol

Além das disputas esportivas, as comunidades participaram de Concurso de Forró, Concurso de Poesias contando a história da comunidade e Desfile da Beleza Negra. 

Foto: Letícia Queiroz

Os vencedores das Quiolimpíadas foram definidos pela soma dos pontos obtidos em todas as competições. Desta vez o pódio foi:

  • 1º lugar – Quilombo Barra da Aroeira 
  • 2º lugar – Quilombo Malhadinha 
  • 3º lugar – Quilombo Rio Preto
Diretoria das Quiolimpíadas/ Foto: Letícia Queiroz

Gederson Moreira, liderança da comunidade Malhadinha e membro da diretoria que organiza o evento, diz que o resgate da cultura, do lazer e a troca de experiências são os principais objetivos. 

“O trabalho de toda organização é sempre fazer o melhor para que todos sintam-se como se estivessem em casa. E é muito bom ver as pessoas que participam do evento interagindo uns com os outros, trocando experiências, conhecendo outras vivências. É muito gratificante saber que nas Quiolimpíadas nós estamos ajudando a resgatar parte da nossa cultura que, às vezes, é esquecida ou perdida. Esse evento é especial a cada ano pelo significado que traz para as comunidades.  A gente vê muito a alegria das pessoas em estar participando, em estar competindo e, ao mesmo tempo, aprendendo muito com outras comunidades. Porque há sempre o que aprender”, disse Gederson.

Maria Aparecida Ribeiro de Sousa, coordenadora da Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins (COEQTO), acompanha as Quiolimpíadas desde a segunda edição e considera o evento importante para as comunidades quilombolas do Tocantins. “Já são nove edições que eu acompanho. E eu vejo que é um momento muito importante de troca. É um momento de compartilhar, de mostrar para a sociedade que as comunidades quilombolas não é só essa luta árdua que a gente enfrenta pelos nossos territórios. A gente também é cultura, a gente também é esporte, a gente também é lazer”, pontuou.

Ela mostrou felicidade ao comentar que a cada ano novas comunidades se interessam em participar. “Esse ano, por exemplo, teve a Barra da Aroeira, que é a primeira vez que participa. Essa é uma atividade que é realizada pela Comunidade Malhadinha, mas o importante é que todas as regiões dos estados já participaram. É um momento muito importante, muito rico. E a COEQTO tem acompanhado e apoiado porque entende que é um evento bem estratégico e importante”, disse Maria Aparecida. 

De geração em geração

Antônia Moreira de Sousa Ribeiro, matriarca da comunidade, diz que acompanha as edições e que torce pelos times da comunidade. Aos 89 anos, ela ainda ajuda a realizar o evento e recebe pessoas de outros quilombos em sua casa. “Participo desde que começou e eu adoro. Minha casa fica cheia e todos me tratam muito bem. O que eu mais gosto é do povo. Eu quero que continuem fazendo o evento, enquanto eu tiver viva e depois que eu morrer, podem continuar fazendo porque é muito bom”, disse.

O neto, orgulhoso, se sente feliz com o apoio da avó e afirma que a missão é dar continuidade. 

“Nosso trabalho é fazer o melhor e continuar esse trabalho para que outras gerações também sigam. Nosso desejo é que continue aí por muito, muito tempo”, finalizou Gederson. 

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